Hoje não faço
minhas despedidas,
mas os ombros
já partiram,
desdenhando
os ultrajes
as traições
os fracassos.
Não digo adeus
mas as pernas
não acompanham
o passo
dos jovens
que passarão
pelas mesmas
experiências
insólitas.
Não há
cortejo
fúnebre,
mas os ossos
já rangem
estalam,
desafiando
o equilíbrio
alcançado
com tanto
esforço,
pondo ordem
na casa.
Há uma beleza
transfigurada
na alma,
calva
e desdentada,
serena
e irriquieta
beleza
não admirada
desdenhada.
Há um silêncio
de quem
descobriu
a inutilidade
das afirmações,
assiste
o caminho
e chora.
Quando as aves
revoarem
em volta
e o sol nascer,
outra vez
quem sabe
a noite
e trará
o até
breve,
o até que
enfim.
Hoje, segurando o tempo.
João Paulo
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