Posso não esperar nada?
Já não espero
que gostem de mim,
de meus pensamentos,
destoo em tantas reflexões.. .
Não espero confidências...
Melhor silenciar
para continuar honesto,
que compartilhar
meias verdades.
Não espero que me agradem
me consolem;
deixam-me
desconfiado.
Não espero companhias...
Ao permanecerem juntos
soam tão superficiais
que é melhor estar só.
Não espero compreensão
nem compaixão.
Que discordem
abertamente
sem terminar
de pisar-me,
até o fim,
como o apagar
de um cigarro
no chão.
Não espero
igualmente
o perdão;
afinal,
não existe
perdão,
mas uma grande
nuvem de fumaça,
disfarçada
de perdão.
Não espero,
enfim,
que aceitem
estas minhas
palavras.
Deixem-nas
soltas
solitárias...
Quem sabe
o vento
as leve
para longe
e ecoem
em vales
esquecidos.
João Paulo Naves Fernandes
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