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Por que ser, escrever?

Conforme o tempo vai avançando durante a vida, mais vamos considerando sobre o legado que deixamos e que ainda poderemos deixar, se quisermos deixar legado.

Porque a vida em si não deixa um legado, mas ela é, em si, um legado enquanto vida.

Depois a sociedade continua sem nossa presença.

E, ironia à parte, ainda em vida, também a sociedade vive sem nossa presença.

E olhamos a quantidade de vulgaridades que ocorrem  a cada instante, a ponto de desanimar os sonhos e as visões de um mundo melhor.

Por isso, as gavetas andam cheias de poemas desconhecidos, órfãos de gente, escritos secretos.

Por isso as profundezas permanecem ocultas de tantos.

Um dia, fora do espaço e do tempo, quem sabe estes versos possam ser recitados, junto a corais celestiais, multidões de vozes uníssonas, mais longas trompas em eternos semibreves.

Talvez atravessem os céus, a atinjam os corações desavisados, surpresos.

Talvez assim despertem do nada, que assessora a vida, em tantas desnecessidades.

Torço, como torço, por este grande sinal.

Olho para os céus, em clamor permanente, como que, desejando ouvir o soar das trombetas inaudíveis, enquanto um raio corta do oriente ao ocidente sua presença perfeita.


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