As pesquisas eleitorais e o rumo das eleições


Houve uma euforia incompreensível – da oposição e de petistas que querem a volta de Lula – com a última pesquisa Datafolha. Comemorou-se o fato de Dilma Rousseff ter perdido 6 pontos nas intenções de voto. Mas nenhum de seus adversários logrou conquista-los. E a queda não foi tão substancial a ponto de ensejar sua substituição por Lula.
A rigor, o que a pesquisa mostrou é um desânimo generalizado em relação a todos os candidatos.  Apenas isso.
Por exemplo:
  1. Intenção de voto espontânea para Presidente.
Dilma caiu dois pontos – de 22 para 20% - em relação à última pesquisa, de 20 de fevereiro passado. Mas Aécio, Marina Silva e Eduardo Campos ficaram com apenas 2 pontos cada. Dilma ganha folgado em todas as faixas de renda, com exceção da faixa de mais de 20 salários mínimos, onde empata com Aécio em 14 pontos.
  1. Na resposta estimulada, Dilma venceria no primeiro turno.
Tomando-se por base os votos úteis, contra Aécio e Campos, Dilma teria 57,3% dos votos; contra 61,8% em 20 de fevereiro e 53,8% em 11 de outubro de 2003. Aécio teria 24% e Campos 18,7%..
  1. Com Aécio e Marina competindo, poderia haver segundo turno.
Em outubro passado, Dilma teria 46% dos votos válidos, contra 34% de Marina e 20% de Aécio. Em fevereiro passado, subiu para 53%, contra 28% da Marina e 19% do Aécio. Agora, voltou aos 48%, 33% e 20%.
  1. Em um segundo turno, Dilma venceria tanto Aécio (50 a 31) quanto Campos (51 a 27).
    ***
O ponto central a considerar é que a disputa ainda não começou.
Do lado de Dilma, o episódio Petrobras revelou uma capacidade inédita da presidente em dar tiro no pé. Essa é uma variável relevante a ser considerada daqui para frente, embora de difícil mensuração.
Por outro lado, a oposição está bastante focada em desconstruir a imagem de gestora de Dilma, com elementos concretos – mudanças no setor elétrico e alguns indicadores macroeconômicos (mas de difícil assimilação para o eleitor médio) e outros facilmente rebatíveis, como as estatísticas negativas sobre as obras do PAC.
No horário gratuito, será fácil rebater mostrando o que a cobertura esconde: as obras construídas ou em construção.
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O verdadeiro embate se dará em torno dos compromissos de Dilma com os cidadãos.
Nas faixas de menor renda, terá muito a mostrar: Pronatec, + Médicos, Brasil Sorridente. Nas faixas médias, pouco, devido à falta de compromissos em relação aos consumidores de serviços regulados – como telefonia, transportes e planos de saúde.
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O problema da oposição é mais complexo. Até agora não conseguiu desenvolver um discurso sequer. E, na elaboração de sua plataforma, Aécio Neves continua a exibir uma submissão intelectual inacreditável em relação ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Não se entende o que pretende, ao transformar o governo FHC em uma meta a ser perseguida.
57% dos entrevistados não votariam em nenhum candidato apoiado por FHC. E essa rejeição é generalizada. Entre os eleitores que votariam em Aécio, 42% não votariam em nenhum candidato apoiado por FHC, contra apenas 23% que votariam.
O único local onde FHC venceria seria nos jantares promovidos por João Doria Júnior – que não são, positivamente, recomendados para quem pretende conquistar a simpatia popular.

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