Pular para o conteúdo principal

Movimento neonazista mata gay desfigurando o corpo, em São Paulo

FELIPE SOUZA

PUBLICIDADE
Um adolescente de 16 anos foi encontrado morto na madrugada do último sábado (11), na avenida 9 de julho, região central de São Paulo. O jovem tinha sido visto pela última vez em uma festa destinada ao público gay na República (centro).
Dentro da boate, Kaique Augusto Batista dos Santos teria dito a amigos que havia perdido a carteira e o celular. O grupo se separou para procurar os objetos, e Kaique não foi mais visto.
Segundo pessoas da família de Kaique que fizeram o reconhecimento do corpo, não havia dentes na boca do garoto, que tinha sinais de tortura, como uma barra de ferro dentro da perna.
De acordo com Tayna Innocencia Chidiebere Uzor, 19, irmã de Kaique, o adolescente, que era negro e homossexual, pode ter sido morto por um grupo de skinheads. "Eles gostam de bater e torturar com as próprias mãos. Têm prazer de tirar a vida de homossexuais", disse.
A Polícia Civil registrou o boletim de ocorrência como suicídio no 2º DP (Bom Retiro). A Secretaria da Segurança Pública informou que não vai comentar os sinais de tortura porque o laudo da morte é sigiloso. Também não foi informado se a Polícia Civil solicitou imagens de câmeras de segurança –a pasta se resumiu a dizer que "a investigação está em andamento".
O enterro ocorreu na manhã de ontem no Cemitério Valle dos Reis, em Taboão da Serra, na Grande São Paulo. Devido às condições do corpo, não houve velório.
CHUTES
Segundo Tayna, Kaike estava com hematomas na cabeça, "provavelmente causados por chutes". O jovem frequentava a rua Vieira de Carvalho, no Arouche, mas a família diz que ele não entrava em festas. "Ele ficava na praça bebendo com amigos da mesma idade e fumando narguile", diz a irmã
Para Cristiano Pacheco, 32, organizador da festa onde Kaique foi visto pela última vez, o caso é revoltante. "Ele era um garoto calmo, todos gostavam dele. Arrancar os dentes, enfiar ferro, isso não se faz", disse.
"É muito delicado para a gente perder uma pessoa tão querida da família. O Kaique era muito novo e mal sabia o que era a vida", disse a irmã.
IML
Parentes só conseguiram fazer o reconhecimento do corpo na terça-feira (14) – quatro dias depois do crime. Eles dizem ter ido três vezes ao IML (Instituto Médico Legal) no dia anterior, sem sucesso.
Anteontem, o irmão e a mãe de Kaique foram informados pelo instituto de que o corpo estava no local desde sábado e que fora mantido fora da geladeira devido à superlotação. Funcionários do IML teriam dito que não avisaram antes porque o corpo estava sujo e precisava ser fotografado.
Já o diretor do Instituto Médico Legal (IML), Ricardo Kirche Cristófi, afirmou que o único registro de procura pelo corpo não identificado ocorreu terça-feira.
Cristófi afirmou ainda que os corpos só ficam fora da geladeira para exames e isso também ocorrer nesse caso. Em caso de lotação, os corpos são encaminhados para outras unidades. 
Folha de São Paulo

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Soneto de Dom Pedro Casaldáliga

Será uma paz armada, amigos, Será uma vida inteira este combate; Porque a cratera da ... carne só se cala Quando a morte fizer calar seus braseiros. Sem fogo no lar e com o sonho mudo, Sem filhos nos joelhos a quem beijar, Sentireis o gelo a cercar-vos E, muitas vezes, sereis beijados pela solidão. Não deveis ter um coração sem núpcias Deveis amar tudo, todos, todas Como discípulos D'Aquele que amou primeiro. Perdida para o Reino e conquistada, Será uma paz tão livre quanto armada, Será o Amor amado a corpo inteiro. Dom Pedro Casaldáliga

UM CORPO ESTENDIDO NO CHÃO

 Acabo de vir do Largo de Pinheiro. Ali, na Igreja de Nossa Senhora de M Montserrat, atravessa  a Cardeal Arcoverde que vai até a Rebouças,  na altura do Shopping Eldorado.   Bem, logo na esquina da igreja com a Cardeal,  hoje, 15/03/2024, um caminhão atropelou e matou um entregador de pão, de bike, que trabalhava numa padaria da região.  Ó corpo ficou estendido no chão,  coberto com uma manta de alumínio.   Um frentista do posto com quem conversei alegou que estes entregadores são muito abusados e que atravessam na frente dos carros,  arriscando-se diariamente. Perguntei-lhe, porque correm tanto? Logo alguém respondeu que eles tem um horário apertado para cumprir. Imagino como deve estar a cabeça do caminhoneiro, independente dele estar certo ou errado. Ele certamente deve estar sentindo -se angustiado.  E a vítima fatal, um jovem de uns 25 anos, trabalhador, dedicado,  talvez casado e com filhos. Como qualquer entregador, não tem direito algum.  Esta é minha cidade...esse o meu povo

Homenagem a frei Giorgio Callegari, o "Pippo".

Hoje quero fazer memória a um grande herói da Históra do Brasil, o frei Giorgio Callegari. Gosto muito do monumento ao soldado desconhecido, porque muitos heróis brasileiros estão no anonimato, com suas tarefas realizadas na conquista da democracia que experimentamos. Mas é preciso exaltar estas personalidades cheias de vida e disposição em transformar o nosso país numa verdadeira nação livre. Posso dizer, pela convivência que tive, que hoje certamente ele estaria incomodado com as condições em que se encontra grande parte da população brasileira,  pressionando dirigentes e organizando movimentos para alcançar conquistas ainda maiores, para melhorar suas condições de vida. Não me lembro bem o ano em que nos conhecemos, deve ter sido entre 1968 e 1970, talvez um pouco antes. Eu era estudante secundarista, e já participava do movimento estudantil em Pinheiros (Casa do estudante pinheirense - hoje extinta), e diretamente no movimento de massa, sem estar organizado em alguma escola,