26/11/2013, O jogo do Contente




A sensação é de balanço.

Grupos marcam encontros de confraternização.

As ruas começam a ficar cheias de compradores.

Há uma agitação no ar.

Sinal de que o ano está se findando.

Minha filha e o marido, mais o neto, longe daqui.

Meu filho no litoral...

Eu e Meg vamos fazendo o jogo do contente.

Lembro-me de mamãe, já falecida há muitos anos.

De vez e quando ela dizia estar fazendo o jogo do contente.

Aguçava-me a curiosidade aquelas palavras aparentemente fora do contexto.

Jogo do contente...

Premido pelas opiniões inalienáveis de hoje, que vem de todos os pontos cardeais, vou compreendendo aquela velha senhora que me gerou com tanto amor.

Para fazer os filhos afirmarem-se na vida, vamos deixando-os dizer suas opiniões livremente, ao mesmo tempo em que declinamos das nossas.

Se pensamos diferente, pisamos com mais cuidado nas palavras, para não causar o efeito inverso da rejeição.

Quando percebemos, abrimos mão de nós mesmos, e já não somos mais aquelas pessoas altivas e determinadas de antes. A humildade ocupou lugar.

Continuamos a saber de tudo, porém guardamos nossas opiniões para circunstâncias mais favoráveis, onde podemos ser ouvidos.

Sinto por minha mãe quando algo assim ocorre comigo.

E sinto por mim também, e pelos meus no futuro, porque a roda da vida é inexorável, e passará também por sobre eles.

É que o caminho de Deus precisa de reciclagem, que aperfeiçoe o ser antes do fim, e assim vai preparando cada um nesta caminhada de purificação.

Bem, hoje tocarei no encerramento de um antigo grupo de oração. Prometo apenas tocar e ficar em silêncio.

Farei também hoje o JOGO DO CONTENTE.


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