O paulistano não tem outra saída a não ser aguentar o mal tempo que se abate sobre Sampa.
Vai sair de guarda-chuva, de blusa se for friorento, roupas de cores discretas.
O paulistano veste roupas com mais cores junto com o tempo.
Tempo aberto cores vivas.
Por isso, o cinza e as cores escuras predominarão hoje.
Tenderá também a falar menos e a observar mais, sempre com uma pitada de crítica aguda nos olhos, quando não desprezar, ou mesmo ignorar, quem estiver ao seu lado.
Neste caso, há uma proporção de educação maior ou menor, por categoria sócio-econômica.
Se lhe chamam a atenção, se o envolvem em alguma conversa, suspende todo o juízo particular, e logo torna-se uma pessoa solícita e educada.
Não deixa de ser, entretanto, uma incógnita o pensamento do paulistano nas chuvas.
O trabalho lhe restituirá do mau humor pouco brasileiro, industrial, civilizatório.
Sentir-se-á novamente um forte, disposto.
Redescobrirá sua vocação produtiva, amainando ódios contidos, frustrações somadas, amores incompletos.
Pobre paulistano, deformado pelo tempo, espremido nos vagões, ônibus, silencioso.
Sofre calado. Até quando?
Entendo como surgiu o movimento Black Bloc.
Possui o extravasamento anticivilizatório, o despejar das enzimas somatizadas, doentias.
Transforma-se em pedras, rojões, expressando a inconfidência paulista.
Infelizmente, nada disto acontece.
Continua o paulistano seu trajeto surdo-mudo, discreto, impotente.
Chove!
Quando voltará o sol?
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