Ao chegar
não havia nada.
A humanidade que persegui
escondia-se atrás dos cargos
em busca do poder,
tal como nas mil paragens.
Verifiquei as energias
que se concentravam
acima do estômago
a posição da cabeça ereta
e das mãos.
Impávido,
lembrei das mulheres
esfregando roupas finas
nas beiras dos rios
crianças descalças
desdentadas
famintas.
Arregacei as mangas,
olhei de igual para igual
e falei forte e natural,
segurando os olhos
para não chorar,
ao chegar ao lugar
onde não havia nada
(poema "Não havia nada" do livro "Dito pelo não dito")
(poema "Não havia nada" do livro "Dito pelo não dito")
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