É incrível falarmos de um poeta que morreu aos 21 anos, e que teve toda a sua produção feita entre os 16 e os 20 anos de idade, e, por certo, ser considerado um dos maiores poetas românticos de sua época (1831-1852).
Sua obra "Lira dos 20 Anos", é, sob o ponto de vista da precocidade de sua morte, uma obra inacabada.
Contrariando o espírito romântico, Alvares de Azevedo não se detém na utilização da natureza, como instrumento de trabalho, mas por ser um cidadão urbano de seu tempo, debruça-se nas relações, podendo-se afirmar tratar-se de um poeta de interiores ( Moisés, Carlos Felipe, em Poesia e Realidade, Ed. Cultrix, 1977).
Domingo, na comemoração dos 100 anos de nascimento de Vinícius de Moraes, adquiri a "Lira dos 20 Anos", editora Nova Alexandria.
Influenciado pelo byronismo, isto é, o "excesso de fantasia, pela melancolia, pelo desejo de morrer, e pelo culto do que era triste e fúnebre"(na apresentação de Márcia Lígia Guidin), Alvares de Azevedo tem muita modernidade em seu lirismo.
A seu respeito Machado de Assis afirmou que "em curta idade, o poeta da Lira dos Vinte Ano deixou documentos valiosíssimos de um talento robusto e de uma linguagem vigorosa; avalie-se por aí o que viria a ser quando tivesse desenvolvido todos os seus recursos "(Obra Completa, Rio de Janeiro, Aguilar, 1968,v.3, p. 894).
SE EU MORRESSE AMANHÃ!
Se eu morresse amanhã, viria ao menos
Fechar meus olhos minha triste irmã!
Minha mãe de saudades morreria
Se eu morresse amanhã!
Quanta glória pressinto em meu futuro!
Que aurora de porvir e que manhã!
Eu perdera chorando essas coroas
Se eu morresse amanhã!
Que sol que céu azul! que doce n'alva
acorda a natureza mais louçã!
Não me batera tanto amor no peito
Se eu morresse amanhã!
Mas essa dor da vida que devora
a ânsia da glória, e o dolorido afã...
a dor no peito emudecera ao menos
Se eu morresse amanhã!
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