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O não ser do ser


É tão raro ver alguém que saia de si, e considere o outro com interesse maior.

Sim, muitos defendem esta tese cristã, judaica, islâmica, budista, induísta, porque permeia todas as religiões.

São, por isso mesmo os maiores pecadores, porque proclamam o que não praticam. Muito poucos conseguem harmonizar o eu no nós.

Que não dizer das posições políticas?

Quantas decepções não passam diariamente diante de nossos olhos, de pessoas que eram puras, beirando a perfeição, e repentinamente, afogam-se em erros e atos duvidosos.

Há um momento em que o silêncio se torna obrigatório, para reencontrar-se o eixo perdido, em meio ao turbilhão de idéias, de acontecimentos, que nos deformam e a todos, durante o caminho.

Porque a vida não tem razão de ser, se for a mesma, repetida e repetida.

Silêncio de tudo, exterior e interior.

Silêncio de escuta em meio ao nada.

Hoje há a consciência de que as palavras proclamadas envelhecem e se extinguem no espaço.

Há uma procura pelas essências dos sabores, das verdades escondidas, como se estivéssemos num dos inúmeros espelhos de um caleidoscópio gigante e invisível, e entrássemos em uma nova dimensão, que nos remete a outras, e outras, até não se encontrar, porque nunca se esgota.

Por isso, contemplar sem se posicionar, dizer com abertura e ouvir isento, defender mas sendo flexível em concordar, lutar para amar, porque há um conhecimento do amor a ser trilhado, enfim, compreender o nada de tudo, e que aqui estamos em caminhada obscura.

Por decantação chegaremos ao conhecimento infindo.

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