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Uma história de esperança

Retirado de Paulo Roberto Labegaline. Vale a pena ser lido, vem do blog luso brasileiro "PAZ"

Um homem era empregado de uma fábrica na periferia da cidade onde morava. Toda manhã, ele pegava o ônibus e viajava cinqüenta minutos até o trabalho. Na mesma condução, entrava uma velhinha que, sentada próxima à janela, tirava um pacotinho da bolsa e jogava alguma coisa para fora do ônibus.
Um dia, o homem ficou curioso e não resistiu em perguntar:
- Bom dia, desculpe, mas o que a senhora está jogando pela janela?
- Jogo sementes de flor -respondeu. - É que eu pego este ônibus todos os dias e gostaria de poder viajar vendo flores coloridas pelo caminho. Imagine como seria bom!
- Mas a senhora não vê que as sementes caem no asfalto e são esmagadas pelos pneus dos carros ou devoradas pelos passarinhos? Acha mesmo que as flores irão nascer aí, na beira da estrada?
- Acho, meu filho. Mesmo que muitas sementes sejam perdidas, algumas certamente cairão na terra e, com o tempo, irão brotar.
- Mesmo assim, demoram para crescer, precisam de água!
- Ah, eu faço a minha parte. Sempre há dias de chuva, além disso, apesar da demora, se eu não jogar as sementes, as flores nunca nascerão, não é mesmo?
Dizendo isso, a velhinha virou-se para a janela aberta e continuou o seu ‘trabalho’. O homem desceu logo adiante, achando que aquela senhora estava meio caduca. O tempo passou, ele se aposentou e, um dia, no mesmo ônibus, o homem levou um susto: olhou para fora e avistou margaridas na beira da estrada, junto com hortênsias azuis, rosas vermelhas e outras flores. A paisagem estava colorida e linda! Ele lembrou-se da velhinha, procurou-a nos assentos e... nada! Acabou perguntando ao cobrador, que lhe respondeu:
- A senhora das sementes? Pois é, morreu de pneumonia já faz algum tempo.
O homem voltou para o seu lugar e continuou olhando a paisagem florida pela janela. Sentiu uma lágrima correr pelo rosto e pensou: ‘Quem diria, as flores brotaram mesmo! Mas, pensando bem, de que adiantou o trabalho da velhinha? A coitada morreu e não pode ver esta beleza toda que plantou!’.
Naquele instante, escutou atrás de si uma gostosa risada de criança. Olhou e viu uma garotinha apontando entusiasmada pela janela:
- Olha mamãe, que lindo! Quanta flor pela estrada! Como se chamam aquelas azuis? E as branquinhas?
Então, ele entendeu o que a velhinha havia feito. Mesmo não estando ali para contemplar as flores que semeou, ela cumpriu a sua missão, afinal, tinha dado um presente maravilhoso às pessoas.
No dia seguinte, o homem entrou num ônibus que iria por outras estradas, sentou-se do lado da janela e, com um sorriso maroto nos lábios, tirou um pacotinho do bolso...

 

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