Tive muitos colegas na universidade.
Era o ano de 1970, e a ditadura perseguia, prendia, e matava.
Havia lá um bedel de nome Salvador.
Rendo uma homenagem ao Salvador, o Bedel de nossa Faculdade, que realmente salvou muitos colegas de serem presos, na época.
Quando o DOPS vinha perguntar por alguém, ele mandava ir para um lado, e depressa corria pelo outro, para ajudar a pessoa a fugir de ser preso.
Grande Salvador!
Eu acabara de entrar na Faculdade de Filosofia Ciências e Letras da USP, curso de Ciências Sociais, na cidade Universitária. Era o ano de 1970.
Por lá fiquei até 1973, quando formei-me.
A Faculdade de Ciências Sociais ficava nos chamados "barracões", alojamentos provisórios que acabaram tornavando-se permanentes, junto com Letras e Filosofia.
Escurraçados que fomos da rua Maria Antônia devido a batalha que fez contra o Mackenzie, que ficava ao lado, e da qual participei. Era secundarista e ajudava os universitários.
A Faculdade foi queimada e destruída, sendo obrigada a transferir-se para a Cidade Universitária, para aqueles barracões improvisados.
Os estudantes da elite, estavam com a ditadura, e ficavam do lado do Mackenzie, jogando garrafinhas com ácido sobre os estudantes da Filosofia da USP, que respondiam com rojões e pedras. Durou dias a batalha. Muitos estudantes feriram-se.
As garrafas quando caíam no chão, fritavam o piso e levantavam fumaça. Muito perigoso.
O CEUPES, nosso Centro Acadêmico, já na Cidade Universitária, estava lacrado pela ditadura, com taquara pregada a pregos, na porta.
Eu fiz parte do Grupo que reabriu o CEUPES em 1970, tirando com uma picareta as ripas de madeira que nos impediam de fazer funcionar a entidade. Rendo aqui também minhas homenagens ao Sílvio, Mário, Veroca, Stela, Onça entre outros pequenos herois, que tiveram a coragem de arrancar aquelas madeiras e reabrirem nosso Centro Acadêmico, o CEUPES.
A perseguição durou todo o período em que fiz a faculdade. Não foi apenas na abertura da entidade.
Na Faculdade tive vários bons amigos, alguns conhecidos, outros alheios.
Rendo outra homenagem a Flavio Maia, um colega poeta como eu, ele mais, um sonhador, vivia no ar, cheio de alegria gratúita.
Faleceu, e deixou um livro seu, que um dia divulgarei, pela importância.
Dizia que sua obra era uma só, que continuava sempre sendo a mesma. Tenho agora em minha memória ele sorrindo aquele sorriso livre.
Entre os alheios estava Juca Kfouri. Ele não era dado a relacionamentos.
Ele não esteve na reabertura do CEUPES, e tinha uma roda de amigos que vivia meio em separado dos assuntos da Faculdade e dos estudantes.
Se participava de algum partido politico, não sei, devia ser muito clandestino. Ao menos não fazia política na faculdade, o que não deixa de ser estranho.
Tornei-me representante dos alunos no Conselho Interdepartamental da Faculdade de Filosofia, e não me lembro dele participando das assembléias que convocava, como representante dos estudantes.
Entrei no time de futebol da Faculdade e jogávamos nos fins de semana.
Era ponta esquerda e marquei alguns gols.
Fui um bom jogador, muito driblador, e fominha. Jogava para frente
Cheguei a ser até do mirim do Palmeiras, ainda que torcesse para o tricolor, pois morava nas perdizes, que era próximo do Parque Antártica.
Não me lembro de ter Juca Kifouri como colega do time da faculdade.
Anos mais tarde, ao assistir a um jogo do São Paulo no Morumbi, cruzei com Juca dentro do estádio, e o cumprimentei afirmando ter sido seu colega de faculdade.
Virou o rosto e seguiu em frente.
Aceitei o fato, uma vez que ele já era assim quando o conheci. Só convivia com os escolhidos. O povo, ora o povo.
Acompanhei à distância sua carreira esportiva, apesar de não ter a oportunidade de vê-lo tocando na bola, para saber se sabia mesmo do assunto.
Agora ele vem cheio de ódio e rancor contra o Ministro do Esporte, Orlando Silva. Deve ser ranço adquirido de seu período na Abril Cultural.
Por outro lado, não me lembro de ouvir qualquer reclamação de Orlando a respeito de Juca.
Mas Juca não pára de criticar Orlando, como se Orlando fosse um criminoso albanês ultrapassado, num jargão de fazer ciúmes ao militares da época da ditadura.
Só não foram piores os seus adjetivos, porque lembro-me de um militar dizendo fazer a GUERRA NEUROPSICODISLÉPTICA, que cá entre nós, foi o máximo da imaginação.
Aí o Juca não teria tanta criatividade.
Falta-lhe sim, um coração humano, humilde, voltado aos mais pobres, sem a arrogância e a superioridade que ostenta.
Mas sabemos que todos estes estilos são como o vento, um dia tem outro dia desaparece. Um dia temos saúde, outro dia a enfermidade, um dia somos ricos, outro estamos falidos, um dia estamos retos outro dia tortos.
Até acho que ele está mais sociável atualmente, pois acompanho-o em alguns programas de TV a cabo, e observo que ele está melhorando.
Sua críticas ao PC do B o tornam entretanto, semelhante aos tantos perseguidores que tenho visto pela história, com os mesmos jargões e preconceitos ideológicos.
Diz um ditado que "o que me faz odiar em meu inimigo é o fato dele parecer-se muito comigo".
Não estará ele sendo obscurantista ao fazer estas críticas em plena democracia do terceiro milênio?
Digo obscurantista, parafraseando o mesmo termo usado pelo jornalista contra Orlando Silva.
Bem, fico por aqui. Vou tocando minha bola em silêncio, mas sem omissão.
Sei jogar bola, sempre soube. Ele, nunca vi.
E tenho lado na vida.
Meu lado é o do povo brasileiro, e não o PIG (Partido da Imprensa golpista), que lhe fez uma lavagem cerebral.
Não preciso de carteirinha para isto, porque está em meu coração.
Sei distinguir uma corrupção de uma perseguição, que é o que ocorre neste momento.
É fácil bater nesta hora, difícil seria defender.
Esta é, entretanto, uma característica das pessoas virtuosas e justas. Não sei se é o caso dele
Estou acostumado com perseguição, e não será esta jogada da direita que irá me tirar do prumo.
Era o ano de 1970, e a ditadura perseguia, prendia, e matava.
Havia lá um bedel de nome Salvador.
Rendo uma homenagem ao Salvador, o Bedel de nossa Faculdade, que realmente salvou muitos colegas de serem presos, na época.
Quando o DOPS vinha perguntar por alguém, ele mandava ir para um lado, e depressa corria pelo outro, para ajudar a pessoa a fugir de ser preso.
Grande Salvador!
Eu acabara de entrar na Faculdade de Filosofia Ciências e Letras da USP, curso de Ciências Sociais, na cidade Universitária. Era o ano de 1970.
Por lá fiquei até 1973, quando formei-me.
A Faculdade de Ciências Sociais ficava nos chamados "barracões", alojamentos provisórios que acabaram tornavando-se permanentes, junto com Letras e Filosofia.
Escurraçados que fomos da rua Maria Antônia devido a batalha que fez contra o Mackenzie, que ficava ao lado, e da qual participei. Era secundarista e ajudava os universitários.
A Faculdade foi queimada e destruída, sendo obrigada a transferir-se para a Cidade Universitária, para aqueles barracões improvisados.
Os estudantes da elite, estavam com a ditadura, e ficavam do lado do Mackenzie, jogando garrafinhas com ácido sobre os estudantes da Filosofia da USP, que respondiam com rojões e pedras. Durou dias a batalha. Muitos estudantes feriram-se.
As garrafas quando caíam no chão, fritavam o piso e levantavam fumaça. Muito perigoso.
O CEUPES, nosso Centro Acadêmico, já na Cidade Universitária, estava lacrado pela ditadura, com taquara pregada a pregos, na porta.
Eu fiz parte do Grupo que reabriu o CEUPES em 1970, tirando com uma picareta as ripas de madeira que nos impediam de fazer funcionar a entidade. Rendo aqui também minhas homenagens ao Sílvio, Mário, Veroca, Stela, Onça entre outros pequenos herois, que tiveram a coragem de arrancar aquelas madeiras e reabrirem nosso Centro Acadêmico, o CEUPES.
A perseguição durou todo o período em que fiz a faculdade. Não foi apenas na abertura da entidade.
Na Faculdade tive vários bons amigos, alguns conhecidos, outros alheios.
Rendo outra homenagem a Flavio Maia, um colega poeta como eu, ele mais, um sonhador, vivia no ar, cheio de alegria gratúita.
Faleceu, e deixou um livro seu, que um dia divulgarei, pela importância.
Dizia que sua obra era uma só, que continuava sempre sendo a mesma. Tenho agora em minha memória ele sorrindo aquele sorriso livre.
Entre os alheios estava Juca Kfouri. Ele não era dado a relacionamentos.
Ele não esteve na reabertura do CEUPES, e tinha uma roda de amigos que vivia meio em separado dos assuntos da Faculdade e dos estudantes.
Se participava de algum partido politico, não sei, devia ser muito clandestino. Ao menos não fazia política na faculdade, o que não deixa de ser estranho.
Tornei-me representante dos alunos no Conselho Interdepartamental da Faculdade de Filosofia, e não me lembro dele participando das assembléias que convocava, como representante dos estudantes.
Entrei no time de futebol da Faculdade e jogávamos nos fins de semana.
Era ponta esquerda e marquei alguns gols.
Fui um bom jogador, muito driblador, e fominha. Jogava para frente
Cheguei a ser até do mirim do Palmeiras, ainda que torcesse para o tricolor, pois morava nas perdizes, que era próximo do Parque Antártica.
Não me lembro de ter Juca Kifouri como colega do time da faculdade.
Anos mais tarde, ao assistir a um jogo do São Paulo no Morumbi, cruzei com Juca dentro do estádio, e o cumprimentei afirmando ter sido seu colega de faculdade.
Virou o rosto e seguiu em frente.
Aceitei o fato, uma vez que ele já era assim quando o conheci. Só convivia com os escolhidos. O povo, ora o povo.
Acompanhei à distância sua carreira esportiva, apesar de não ter a oportunidade de vê-lo tocando na bola, para saber se sabia mesmo do assunto.
Agora ele vem cheio de ódio e rancor contra o Ministro do Esporte, Orlando Silva. Deve ser ranço adquirido de seu período na Abril Cultural.
Por outro lado, não me lembro de ouvir qualquer reclamação de Orlando a respeito de Juca.
Mas Juca não pára de criticar Orlando, como se Orlando fosse um criminoso albanês ultrapassado, num jargão de fazer ciúmes ao militares da época da ditadura.
Só não foram piores os seus adjetivos, porque lembro-me de um militar dizendo fazer a GUERRA NEUROPSICODISLÉPTICA, que cá entre nós, foi o máximo da imaginação.
Aí o Juca não teria tanta criatividade.
Falta-lhe sim, um coração humano, humilde, voltado aos mais pobres, sem a arrogância e a superioridade que ostenta.
Mas sabemos que todos estes estilos são como o vento, um dia tem outro dia desaparece. Um dia temos saúde, outro dia a enfermidade, um dia somos ricos, outro estamos falidos, um dia estamos retos outro dia tortos.
Até acho que ele está mais sociável atualmente, pois acompanho-o em alguns programas de TV a cabo, e observo que ele está melhorando.
Sua críticas ao PC do B o tornam entretanto, semelhante aos tantos perseguidores que tenho visto pela história, com os mesmos jargões e preconceitos ideológicos.
Diz um ditado que "o que me faz odiar em meu inimigo é o fato dele parecer-se muito comigo".
Não estará ele sendo obscurantista ao fazer estas críticas em plena democracia do terceiro milênio?
Digo obscurantista, parafraseando o mesmo termo usado pelo jornalista contra Orlando Silva.
Bem, fico por aqui. Vou tocando minha bola em silêncio, mas sem omissão.
Sei jogar bola, sempre soube. Ele, nunca vi.
E tenho lado na vida.
Meu lado é o do povo brasileiro, e não o PIG (Partido da Imprensa golpista), que lhe fez uma lavagem cerebral.
Não preciso de carteirinha para isto, porque está em meu coração.
Sei distinguir uma corrupção de uma perseguição, que é o que ocorre neste momento.
É fácil bater nesta hora, difícil seria defender.
Esta é, entretanto, uma característica das pessoas virtuosas e justas. Não sei se é o caso dele
Estou acostumado com perseguição, e não será esta jogada da direita que irá me tirar do prumo.
Comentários
Postar um comentário