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O assassinato de carroceiros no centro de Sampa

Existem algumas ocupações, poucas, que servem de porta de saída do povo da rua.

Elas permitem que o morador de rua faça uma pequena poupança que lhe consiga alugar um quarto em pensões da região.

Uma vez num quarto, tem direito a um banho, e higiene, o que lhe faz ir modificando os seus hábitos e adquirindo novos, melhores para a qualidade de sua vida.

Ser carroceiro é uma delas.

Conheço vários carroceiros.

É preciso que eles tenham já uma economia prévia para adquirir o carrinho, e uma vez com ele podem iniciar um trabalho de coleta.

Existem os carroceiros que são cooperados e existem os mais autônomos.

Alguns carroceiros são mais responsáveis, outros nem tanto.

Alguns abrem as sacolas de lixo, retiram o material reciclável, e fecham novamente as sacolas.

Outros fazem o inverso, deixando tudo aberto e caído pelo chão. É um processo que exige orientação profissional.

Bem, não sei as razões para dois carroceiros terem sido queimados vivos estes dias no centro de São Paulo, mas decerto nenhuma razão justifica esta abominação.

Um, inclusive, foi achado amarrado dentro do carrinho queimdo.

O povo de rua que trabalha com carrocinha está realmente preocupado com estas mortes violentas.

A polícia não se interessa porque são "meio cidadãos", com "meios direitos" para serem "meio protegidos".

De fato eles muitas vezes estão na outra ponta da linha, o lado dos suspeitos e dos criminosos.

Queremos proteção, urgente, a estes irmãos que estão se libertando da condição humilhante de se verem obrigados a morar nas ruas, sem apoio e sem família.

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