Logo após o horror em Realengo
Estes corpos
estendidos
imóveis,
retirados
do sonho.
Estas crianças
esquecidas
numa escola
periférica,
lembradas
por tragédias.
Estes pais
que choram
vida a fora,
por desforra.
Este louco
desconhecido
de si mesmo
desmedido
vingativo
Estas balas
que vieram
sem tráfico
e polícia pacificadora.
Esta imprensa
que atiça
alardeia
em manchetes
psicóticas.
Esta vingança
e perdão,
ponto de encontro
execução.
Estas mortes
e a vida
que
continua
ausente.
Este mundo
que se mata
e se consome
legalmente.
Esta esperança
espremida
nos congestionamentos
lotados.
Esta revolta
guardada
sem gritos
emoldurada.
Esta renúncia
que preserva
o que resta
de dignidade.
Esta volta
constante
do mesmo,
a esmo.
Este fim
que não termina
germina
culmina
Esta casa
sem cômodos
incômoda
vazia.
Estas lágrimas
que jorram,
não escorrem,
desaguam.
Esta ponte
destruída
da esperança
e da fé
Este lado
desconhecido
que permanece
inexplicado
pelo horror
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