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Dilma não chora

Acompanhando o velório do querido e heróico José Alencar, observei, desde  Portugal, que enquanto Lula chorava copiosamente, a nossa Presidente mantinha-se consternada, é verdade, mas não deixava marejar os olhos de lágrimas.

Lembrei-me de uma encarregada de produção, na época em que trabalhei em uma fábrica de pilhas em Guarulhos.

Ela mantinha uma feminilidade contida, e uma rigidez até masculina, no decorrer do dia, quando no comando.

É aquela estória do nosso lado masculino e lado feminino.

Mas como um ex-dirigente sindical pode ser tão sensível assim, e uma mulher tão firme em seus sentimentos?

As mulheres, que demoraram a ocupar posições de destaque  durante muito tempo,  são obrigadas, num primeiro momento de libertação,  a serem elas também homens. É  o retrato do colonizador precedido no retrato do colonizado. É a primeira fase de libertação de gênero

Deve-se também considerar que é início de gestão, mas pelo perfil, a mulher é forte. Nada que o tempo não possa ir trabalhando.

Como se diz, Deus é um oleiro que vai moldando nossa personalidade, sentimentos, pensamentos, fé, ao longo do tempo, a ponto de fazer-nos avançar em todas estas dimensões como seres humanos.

Não é incomum os avós serem recriminados pelos filhos por tanta condencendência com os netos, por fazerem tudo o que eles pedem.

É que eles atingiram o ápice das relações, distinguindo o principal do acessório.

Dilma também está nesta caminhada.

Certamente ao final da sua gestão na presidência será mais mulher e menos homem. Por hora, até para manter o respeito, deixa quieto que está bom.

Por aí vamos percebendo a fortaleza de Dilma, como mantém suas responsabilidades de Presidente até na comoção diante da morte de alguém querido.

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