Pular para o conteúdo principal

Ubatuba que a tudo faz esperar

É preciso descansar da luta cotidiana, pelo menos uma vez por ano.

Em um lugar onde o clima e a cidade não estejam ainda contaminados com o virus da civilização pós-industrial, do super consumo, do comer, comer, comer...

Um local onde não possamos ser encontrados, estivermos desaparecido para os fornecedores, chefes,  sócios, parceiros, e dependendo, até familia(espero que não).

Onde o desespero não consiga entrar, e o tempo dê a impressão de estar parado.

Uma terra, onde ainda que participando da grande estrutura nacional, seja, momentaneamente, a exceção à regra, o deleite, o sorvete, o sol, a praia, a paz. Sabemos que o Xangrilá, ou a Civilização do Amor ainda está distante muitas batidas cardíacas de cada um de nós.

Sim, não é o paraíso, mas parece, pela sua beleza contagiante, pela paz que se irradia naturalmente. Também não haveria outro modo de se espalhar

Ubatuba encarna tudo isto, e declara unilateralmente a suspensão das lutas.

A revolução pode ser arquitetada, mas não aqui; as conversões podem ser proclamadas, mas não em Ubatuba; as grandes vendas podem ser engendradas, nas longe deste recanto litorâneo.

Aqui tem vez a vida, o íntimo, o silêncio, o escutar.

Aqui o som das crianças se mistura ao bramir das ondas e aos latidos dos cães nas manhãs alegres.

Terra abençoada por Deus, onde o leão e ovelha pastam juntos, e o seu povo sente sabor da vida.

Aqui restauro as energias perdidas, exauridas na profissão, na luta diária.

Até a poesia aqui perde inspiração, para não interromper o prazer...

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Soneto de Dom Pedro Casaldáliga

Será uma paz armada, amigos, Será uma vida inteira este combate; Porque a cratera da ... carne só se cala Quando a morte fizer calar seus braseiros. Sem fogo no lar e com o sonho mudo, Sem filhos nos joelhos a quem beijar, Sentireis o gelo a cercar-vos E, muitas vezes, sereis beijados pela solidão. Não deveis ter um coração sem núpcias Deveis amar tudo, todos, todas Como discípulos D'Aquele que amou primeiro. Perdida para o Reino e conquistada, Será uma paz tão livre quanto armada, Será o Amor amado a corpo inteiro. Dom Pedro Casaldáliga

UM CORPO ESTENDIDO NO CHÃO

 Acabo de vir do Largo de Pinheiro. Ali, na Igreja de Nossa Senhora de M Montserrat, atravessa  a Cardeal Arcoverde que vai até a Rebouças,  na altura do Shopping Eldorado.   Bem, logo na esquina da igreja com a Cardeal,  hoje, 15/03/2024, um caminhão atropelou e matou um entregador de pão, de bike, que trabalhava numa padaria da região.  Ó corpo ficou estendido no chão,  coberto com uma manta de alumínio.   Um frentista do posto com quem conversei alegou que estes entregadores são muito abusados e que atravessam na frente dos carros,  arriscando-se diariamente. Perguntei-lhe, porque correm tanto? Logo alguém respondeu que eles tem um horário apertado para cumprir. Imagino como deve estar a cabeça do caminhoneiro, independente dele estar certo ou errado. Ele certamente deve estar sentindo -se angustiado.  E a vítima fatal, um jovem de uns 25 anos, trabalhador, dedicado,  talvez casado e com filhos. Como qualquer entregador, não tem direito algum.  Esta é minha cidade...esse o meu povo

Homenagem a frei Giorgio Callegari, o "Pippo".

Hoje quero fazer memória a um grande herói da Históra do Brasil, o frei Giorgio Callegari. Gosto muito do monumento ao soldado desconhecido, porque muitos heróis brasileiros estão no anonimato, com suas tarefas realizadas na conquista da democracia que experimentamos. Mas é preciso exaltar estas personalidades cheias de vida e disposição em transformar o nosso país numa verdadeira nação livre. Posso dizer, pela convivência que tive, que hoje certamente ele estaria incomodado com as condições em que se encontra grande parte da população brasileira,  pressionando dirigentes e organizando movimentos para alcançar conquistas ainda maiores, para melhorar suas condições de vida. Não me lembro bem o ano em que nos conhecemos, deve ter sido entre 1968 e 1970, talvez um pouco antes. Eu era estudante secundarista, e já participava do movimento estudantil em Pinheiros (Casa do estudante pinheirense - hoje extinta), e diretamente no movimento de massa, sem estar organizado em alguma escola,