Após meses de intensa campanha, com esforços e embates, chegamos ao fim do primeiro turno, com gosto de fim. Dizer sobre a vitória de Dilma é incontestável, sem que vejamos na candidata o gosto da vitória.
Dizer sobre os deputados e a senadora eleita pela amazônia é alegria, mas não eleger Netinho foi uma tristeza; com dizem os médicos, um mal súbito.
Assim é a democracia: caminhamos enquanto os outros também caminham.
Mas valem algumas reflexões livres, sem segundas intenções, mas com o zelo de querer melhorar(desculpem se não as faço a quatro paredes):
1) Deixamos a direita bater, sem responder, o que se explica pelo complexo de gigantismo, de se achar que, como vou ganhar, não é o caso de responder. Agora, no segundo turno, deve ser assim: bateu? levou!
2) Não usamos de esperteza, de encontrar os imensos erros cometidos na administração dos tucanos em São Paulo e utilizá-los para desmascarar as suas propostas para o país. Como podem propor coisas que eles não fazem em casa? Temos que denunciar tudo o que fazem de errado, e olhem que é muita coisa.
3) Entregamos a bandeira da democracia e do estado democrático nas mãos da direita, nós que efetivamente conquistamos a democracia, que a arrancamos das prisões e mortes, agora fomos considerados "golpistas", pelos golpistas. Temos que retomá-la porque é nossa.
4) Não ter acesso rápido e direto à campanha da Dilma, e deixá-la a resolver tudo em um petit comitê, foi tornando a candidata mais formal, um pedantismo, uma rouparia, uma linguagem extremamente muito técnica, que a foi distanciando da compreensão do povão, e deixando o molho para a bonitinha explorar. É preciso torná-la mais livre e acessível ao povo e aos jornalistas, sem medo de errar. Chega de tanta proteção. Será assim na Presidência? Já não basta o Serra fechado no Governo do Estado, sem se importar com o que acontecia fora? Queremos a Dilma livre das amarras dos assessores. Que eles não a sufoquem com suas idéias. Deixem a Dilma ser a Dilma, porque ela é mais do que estão fazendo com ela.
5) A questão da relação com as Igrejas é outro ponto obscuro. Parece que ninguém sabe rezar o Pai Nosso? Como puderam deixar a Dilma já no primeiro encontro com o Datena fazer aquelas considerações sobre religião que expressaram grande desconhecimento e, portanto, distanciamento. Depois, foram deixando a extrema direita, que se incrustra nas igrejas irem praguejando contra ela uma série de maldades, que foi pegando, pegando, e pegou. Tornaram a mulher a paladina do aborto, e do casamento gay. O pior é que sua assessoria nem se deu conta disto. Não havia nenhum centro de informações que pudesse ir pondo na mesa, em tempo real, todas estas mazelas, que seriam desativadas no ato. No fim, uma reunião com representantes das Igrejas cristãs, surtiu um efeito tardio e irreparável. Tenho dúvidas se este envenenamento poderá ser curado no segundo turno. Pelo menos, ela deve obrigatoriamente comparecer, com sinceridade de intenções, em cultos e missas. É o mínimo, porque se não sabem, as pessoas frequentam regularmente as igrejas.
6) Ir mais para a rua !. Como fazer um encerramento em São Paulo no Sambódromo. Faz na Sé, no Anhangabaú. Se não permitirem, vai assim mesmo! Tem que ir onde povo está e quebrar o paradigma de distanciamento pequeno burguês, dos seus assessores.
7) Deixe a campanha levá-la nos braços, em vez de controlá-la! Seja mais informal! Mais povão! Naturalmente.
8) Pouparam muito a bonitinha. Marina falou que quis e não ouviu o que não quis. Foi poupada, poupada, poupada. Até que pegou. Culpa de quem? Nossa. Era para bater também. Que negócio é esse de planejamento do século XXI? Eles mostraram algum? O que vi foi um interminável e constante comentário da bonitinha com os seus "lamentavelmente" "lamentavelmente", nunca seguidos de como deveria ser. Depois que ela se acostumou, bateu até no Serra, seu aliado. Como não se falou dela no ministério? Agora ela virou estrela, e pensa que é a tchan.
Bem vou ficando por aqui. Netinho tinha que ir ao debate, tinha que ter respondido às acusações de Aloísio, tinha que ter se separado da Marta, que estava separada dele, e quando viu que caía, foi buscá-lo. Netinho deu voto popular para Marta, mas Marta não transferiu votos da classe média para ele. Aliás, no dia da eleição vi um padre dizer na homilia que não se devia votar em religiosos e cantores. Por aí se vê o quanto o Netinho deixou que o queimassem sem responder à altura.
Estou desabafando de coração aberto porque queria a vitória do negão. Faria um imenso bem para a política de São Paulo. Faltou mais assessoramento.
Um abraço a todos.
Vamos vencer!
A crítica é boa para nos corrigir.
Vamos ganhar o segundo turno!
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