O CRACK INFESTA SÃO PAULO


Nas barbas dos governos municipal e estadual, o crack já tem vários territórios livres no coração da cidade de São Paulo, onde o comércio e o consumo estão estabelecidos como um comércio qualquer. A cracolândia é um deles. Agora também, a Nova Luz.

Uma pedrinha de crack está por volta de R$ 3,00, facilmente acessível e barato, atinge pricipalmente os filhos dos pobres

Durante anos, tenho ouvido explicações desta devastação humana como um problema de polícia. Dizem -  "São uns desocupados, que morram então!", ou - "Ponham na cadeia, e deixem que apodreçam lá dentro!".

Não apresentam uma alternativa concreta de solução, de erradicação do problema.

Apenas, de quando em vez, quando a "opinião pública"(leia-se mídia) sente-se atingida por esta realidade tão escancarada, então fazem uma grande batida policial, para satisfazer a tara reacionária de repressão. Aí, gozam de prazer pela ação realizada.




De fato, quase nada se faz para ir às origens do problema, e encontrar as razões do que leva tanta gente boa ao inferno da droga.

Estas fotos da Nova Luz, nome irônico, representa o local onde será feita uma obra do Governo. O local bem representa a imagem de até onde o Ser Humano consegue chegar.

É o escombro humano, o cidadão destroçado, o fim do fim, sem ninguém, entregue totalmente a um vício que está levando à morte. 

Ali encontram-se meninos, jovens, adultos, idosos, humens e mulheres, grande parte pobres, mas também ricos e... a "nova classe média", pegando uma carona na campanha eleitoral. São também, ex-trabalhadores, ex-maridos, ex-pais,  ex-motoristas, ex-pastores, ex-sem terra, ex, ex, ex...  

Quando deveriam ser IN, acabam como EX.

Em vez de inclusão, estão na exclusão.

Tiveram motivos para irem descendo a escada da cidadania: uma traição, um desemprego, uma enfermidade. Provavelmente, o vício veio antes da debacle, mas acelerou o processo, ao tornar insuportável a convivência na família.




É possível viver com dignidade na pobreza? É, claro.

Da mesma forma que também pode haver falta de dignidade na riqueza. Caso contrário, Jesus não diria ao jovem rico para entregar tudo aos pobres e seguí-lo.

Ainda que com grandes dificuldades, o povo consegue encontrar atividades de sobrevivência, que o mantém na esperança de uma vida melhor, seja catando coisas no lixo, seja com um carrinho de coleta de jornais e latas.

Há muita dignidade no povo de rua, a qual não deve ser confundida com a dos drogados, pois muitos encontram-se nestas condições, por total falta de alternativas, mas não usam destes meios, e preservam-se puros e esperançosos.

O drogado está no final da linha, mas também tem uma escada descendente, que deve ser identificada, para se saber se o caso tem reversão própria, ou necessitará de intervenção externa auxiliar.

O drogado, principalmente, aquele que é viciado em crack e cocaina, mas também nas drogas legais como a bebida, é antes de mais nada um filho do povo.

O crack destrói o auto-controle, a vontade própria, e escraviza, subordina, provoca extrema dependência, tornando o usuário uma pessoa potencialmente perigosa, notadamente, quando sente a carência apertando seu corpo.

Durante estes 20 anos aproximadamente em que convivo com isto por aqui, os governantes de São Paulo não tiveram esta sensibilidade humana para com o próximo, e vontade política para erradicar este grave problema.




Agora, em campanha eleitoral, colocam a questão como se fosse exterior a eles, e sugerem soluções que não implementaram quando puderam fazer, como se a população fosse ignorante dos fatos.

Arrisco-me a afirmar, que não resolveram, porque o custo é alto para a recuperação, e não é visual politicamente dizendo, não é uma "grande obra", não aparece eleitoralmente.

Mas a sociedade vai mudando, mudando, a aí aparece um negão se candidatando para o Senado em São Paulo, e tocando na ferida da droga, indo ao âmago do problema da família da periferia, que tem seus filhos e parentes entregues a este vício.

Aí, de repente, estes velhos governantes aparecem de novo, tornando-se os bastiões da defesa dos abandonados, com grandes sugestões, que na verdade não implementarão, porque nunca implementaram.

As ações estão aí para serem feitas: criar clínicas de recuperação, identificando em que fase de vício se encontra o drogado, usando de liberdade de escolha, e paciência. Oferecer locais urbanos e rurais de recuperação, com liberdade, com diálogo, onde possam ler, estudar e praticar algum ofício ou arte.

Oferecer apoio nas diversas fases de recuperação da auto-estima. Isto necessitará de planejamento, apoio governamental, ação.

É o que a população de São Paulo espera e deseja.

É para ser resolvido agora!

Parem com  enrolação em cima do povo!

Precisamos de gente com vontade política de mudança!

O que está aí não dá mais!

Renovação Urgente em São Paulo!

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