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APÓS 30 ANOS SE REALIZA UM OUTRO CONCLAT



A classe trabalhadora brasileira viveu nesta terça-feira (1º de junho) um dos dias mais importantes de sua história. O Estádio do Pacaembu, em São Paulo, foi palco da segunda edição da Conclat, iniciativa resgatada pela CTB em seu Congresso de Fundação — em dezembro de 2007 — e agora concretizada por mais de 30 mil trabalhadores e trabalhadoras de todo o país.


Unidas, CTB, Força Sindical, Nova Central, CGTB e CUT demonstraram para a sociedade brasileira a capacidade de articulação das centrais sindicais do Brasil, ao organizar um evento da magnitude e importância da Conferência Nacional da Classe Trabalhadora. A partir desse espírito unitário foi possível aprovar, em uma grande Assembleia, a Agenda da Classe Trabalhadora, com vistas a um projeto nacional de desenvolvimento com soberania e valorização do trabalho.


A CTB, desde seu Congresso de fundação, apostou na proposta de levar às outras centrais esse projeto, que só pôde se tornar realidade graças a um longo processo de unidade, que traduziu o novo momento vivido pelo sindicalismo no Brasil. Esse documento agora será entregue a todos os candidatos à Presidência da República e servirá como base para as próximas campanhas de luta da classe trabalhadora no país.


A Declaração Política do 2º Congresso da CTB, realizado em setembro de 2009, já adiantava como deveria ser o processo de constituição do evento realizado neste 1º de junho. “Para coroar o processo de unidade que já está em curso, a CTB propõe a realização de uma nova Conclat - Conferência Nacional da Classe Trabalhadora, reunindo milhares de sindicalistas de todas as centrais e entidades sindicais, independentemente das posições políticas e ideológicas, sem discriminações. A Conclat vai elevar a um novo patamar o nível de intervenção e influência do sindicalismo e da classe trabalhadora na vida nacional”, dizia o texto.


Segundo o presidente da CTB, Wagner Gomes, depois da segunda edição da Conclat, o Brasil verá surgir um novo movimento sindical. “É uma vitória da unidade, independentemente de quem teve a iniciativa desta Conferência. Daqui para frente, a classe trabalhadora terá um papel mais elevado, e certamente influirá cada vez nas decisões políticas do país”, afirmou.

O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Alberto Broch, também destacou a unidade das centrais e “No Congresso da CTB eu já dizia que essa seria uma das melhores propostas surgidas no seio sindical ao longo dos últimos anos. É claro que seria necessário um amadurecimento de todas as centrais — e isso felizmente ocorreu”, comentou.

Seis eixos

A Agenda da Classe Trabalhadora, documento aprovado por unanimidade pelos cerca de 30 mil participantes da Conclat, contemplou seis eixos considerados estratégicos pelas cinco centrais e traduziu sua unidade de luta:

1. Crescimento com Distribuição de Renda e Fortalecimento do Mercado Interno;

2. Valorização do Trabalho Decente com Igualdade e Inclusão Social;

3. Estado como Promotor do Desenvolvimento Socioeconômico e Ambiental;

4. Democracia com Efetiva Participação Popular;

5. Soberania e Integração Internacional;

6. Direitos Sindicais e Negociação Coletiva.

O vice-presidente da CTB, Nivaldo Santana, já adiantava em recente artigo que o conteúdo da Agenda da Classe Trabalhadora indicaria o fim da era neoliberal para o país. “O conteúdo das propostas indica que a imensa maioria do sindicalismo nacional se posiciona contra o retrocesso neoliberal e em defesa da continuidade e aprofundamento das mudanças progressistas inauguradas com o governo do presidente Lula”, sustentou o dirigente.

Unidade

Os discursos dos cinco presidentes das centrais destacaram a unidade conquistada ao longo dos últimos meses, período em que se materializou o documento final da Conclat.

Antônio Neto, da CGTB, disse que essa união deve servir de exemplo para as próximas lutas do sindicalismo. “A grande virtude deste palanque é a unidade. Até 2002, estávamos na resistência e esta assembleia marca a maturidade das centrais. Organizadas, só temos a ganhar. Temos agora que seguir unidos para que sigamos avançando”, afirmou.

Para José Calixto Ramos, da Nova Central, essa unidade tem que ser traduzida em novas ações de luta. “Soubemos lidar com nossas diferenças para organizar este evento. Somente a unidade de ação trará resultados satisfatórios para a classe trabalhadora”, bradou.

O presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, lembrou que, apesar da amplitude do documento elaborado pelas centrais (são 249 itens no total), prevaleceu a unidade em torno das causas mais importantes. “Nós já vínhamos buscando isso há muito tempo. Temos divergências, é claro, mas aprendemos a nos unir naquilo que é mais importante para os trabalhadores”, disse.

Artur Henrique, da CUT, lembrou que essa mesma unidade demonstrada na Conclat foi a responsável por conquistas recentes, como o reconhecimento das centrais e a política de valorização do salário mínimo. Segundo ele, esse mesmo esforço deve ser feito nas próximas eleições, no sentido de evitar qualquer retrocesso político para o país. “O desafio é muito grande, pois não podemos permitir a volta ao poder daqueles que trouxeram tanto atraso para o Brasil”, afirmou.

O presidente da CTB, em seu discurso, destacou o caráter histórico da Conclat e sustentou que a mesma unidade demonstrada pelas centrais deve servir de exemplo para um novo projeto nacional de desenvolvimento. “Estamos fazendo história e devemos ter consciência de que o destino do Brasil depende de nós. Os rumos políticos da nação podem ser mais ou menos progressistas dependendo da participação da classe trabalhadora nas batalhas em curso e, em especial, nas eleições de outubro, nas quais devemos nos empenhar de corpo e alma para eleger candidatos identificados e comprometidos com nossa agenda”, disse.

Wagner Gomes lembrou também que a responsabilidade dos trabalhadores e trabalhadoras é muito grande, bem como seus desafios. Mas mostrou-se otimista quanto ao futuro e também adiantou qual será a tarefa do movimento sindical para este ano: “Derrotamos o neoliberalismo nas urnas em 2002, voltamos a derrotá-lo em 2006 e vamos lhes impor uma nova derrota em outubro, barrando a possibilidade de retrocesso. É esta a nossa tarefa comum neste ano”.

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